quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A CDU Seixal e o Ensino

Ranking Escolas Secundárias 2009



305| Escola Secundária Alfredo dos Reis. Silveira

363| Escola Secundária João de Barros

445| Escola Secundária Manuel Cargaleiro

508| Escola Secundária da Amora

530| Escola Secundária José Afonso

Foi com tristeza que ao ver a lista do ranking das escolas secundárias em 2009, dei por mim, mais uma vez, a encontrar as escolas do concelho em lugares pouco prestigiantes.

Este tema é sensível. Sei que os valores obtidos pelas escolas do concelho não se devem à falta de capacidades dos alunos do concelho, não acredito que seja pela falta de qualidade do corpo docente, nem pela falta de infra-estruturas afectas ao ensino.

Existe na minha óptica, não uma causa, mas sim um conjunto de factores que interligados resultam no desfasamento entre a qualidade de ensino que se aspira para o concelho e os resultados reais. (Antes de mais, sei admitir que estes valores estão minorados uma vez que existe uma grande quantidade de alunos “externos” a realizar provas e consequentemente a fazer baixar as médias das escolas todos os anos, não obstante, também as outras escolas os têm e como tal, a posição relativa entre elas não iria ser alterada)

Passarei a enunciar alguns dos factores que acho pertinentes para explicar estes resultados:

Factores Sociais – A existência desregrada de zonas de cariz social vincado, é por si só catalisador de ambientes pouco propícios à implantação de uma escola, isto porque, o bom aproveitamento escolar (em termos médios, existem obviamente excepções) implica a existência de um ambiente saudável para que, por parte do aluno, as prioridades e os níveis de concentração possam ser maximizados e focados para o melhoramento do desempenho escolar. Ou seja, uma escola inserida numa comunidade, onde não haja problemas de criminalidade, de exclusão social, de climas urbanos agressivos, terá por si só, maior probabilidade de sucesso.

“O clima de uma escola resulta do tipo de programa, dos processos

utilizados, das condições ambientes que caracterizam a escola

como uma instituição e como um agrupamento de alunos, dos

departamentos, do pessoal e dos membros da direção. Cada escola

possui o seu clima próprio. O clima determina a qualidade de vida

e a produtividade dos docentes e dos alunos. O clima é um fator

crítico para a saúde e para a eficácia de uma escola. Para os seres

humanos, o clima pode ser um fator de desenvolvimento”. (ibid,

pg. 5-6).

Um aluno integrado numa escola com os problemas referidos supra, irá certamente ter uma maior dificuldade em maximizar as suas potencialidades enquanto aluno, causando deste modo um sentimento de frustração que no limite irá fazer decair o interesse do próprio aluno pelos estudos. Este factor multiplicado por “n” alunos existentes nesta situação, irá obviamente potenciar na escola que frequentam, um clima de desinteresse pela aprendizagem tornando-se mesmo o “clima” dessa escola ( o contrário também é verdade, embora no concelho não se aplique).

“Os resultados confirmam que o fator “interesse pelos estudos” impacta não

apenas o aluno, mas também o ambiente de aprendizagem da escola mesmo na

presença dos outros fatores mediadores.7 Ou seja, a composição de um alunado

mais interessado pelos estudos (…) é altamente favorável às escolas.”

No caso do Seixal, basta pensar em todas as escolas que foram enunciadas, e para todas as elas, a descrição supra funciona na perfeição. De facto, todas elas se inserem em zonas com bairros degradados ou zonas de inserção de bairros habitacionais de custos controlados, que não foram correctamente planeados na óptica do ordenamento e gestão urbana municipal, em todas elas, os alunos sofrem da insegurança vigente no concelho, sofrem da falta de incentivos a um bom clima escolar.

Para além dos maus resultados escolares aqui referidos, este fenómeno de frustração perante o ensino provoca altas taxas de abandono escolar.

Factores Económicos – São como se sabe, uma constante no quotidiano de todos os estudantes, e podem afectar de diversas formas o rendimento escolar. Não entrando em considerações acerca dos factores que levam os alunos a sofrer de pressões económicas, irei apenas focar, que a CMS, tem responsabilidade de apoiar os seus munícipes, para que este não se torne num factor decisivo para o futuro dos Jovens.

A CMS, gasta mais de 600.000€ no boletim municipal, no entanto, não é capaz de ter a dignidade, de aprovar a medida proposta pela JSD em que se previa a criação de uma bolsa de estudos capaz de apoiar verdadeiramente os alunos mais necessitados do concelho, ao invés, como manobra propagandística, libertou uma verba de inferior a 1% do valor referido para a propaganda com o boletim, para apoio aos jovens estudantes do concelho. É vergonhoso!

Factores de Gestão Escolar – É uma verdade que o concelho está em crescimento, a politica de urbanismo da CMS assim o ditou, é igualmente verdade que o Seixal é dos concelhos mais jovens do País.

As escolas encontram-se sobrelotadas, as turmas passam a super-turmas, com números insustentáveis de alunos, os professores são obrigados a esforços titânicos para manter uma turma com dezenas de alunos interessada na matéria; Como é óbvio, a qualidade do ensino decresce.

Alheio a este problema continua a CMS, não percebendo que a sobrelotação do espaço urbano é contraproducente e causa o decréscimo na qualidade de vida dos Seixalenses. A qualidade do ensino é um dos factores afectados por uma errada política urbanística por parte da CMS.

Factor Politicas de Educação – Este ponto é fundamentalmente de âmbito nacional, não obstante, é certo que neste caso, as “regras” são iguais para todos as escolas, e como tal, irá apenas focar-se nas políticas locais que possam ser responsáveis pela diferenciação existente nos rankings.

A CMS não apoia a educação no concelho, para isso, basta pensar que eu no primeiro ano de ensino do 2ºciclo, ou seja 5º ano, ouvi a promessa que nesse mesmo ano a escola iria ter (graças a câmara) o pavilhão desportivo construído, este só foi construído quando eu já me encontrava a tirar o mestrado, enquanto isso, os cinco anos que passei na escola, tive o privilégio de ter um polidesportivo com pouco mais de 20m2.

A JSD apresentou a proposta de criar bolsas de estudo para os jovens do concelho, esta proposta foi chumbada pela maioria CDU, posteriormente, de uma forma grotesca, a CDU apresentaram um programa de bolsas que é no mínimo ridículo: Há mais dinheiro para Graffitis do que para Livros. Já para não falar da fatia para a propaganda.

Outros Factores – Interessa também focar que o “background” de cada aluno é determinante para o sucesso de cada um, no entanto, este é um factor pontual, que afecta cada aluno de forma singular e impossível de comentar.

Foram apenas focados alguns factores que a nível macro, podem determinar o sucesso/insucesso de uma escola. Infelizmente, a CMS de executivo CDU tem-se mostrado incapaz de responder a este problema, limpando as mãos e como é hábito metendo as culpas no governo central. Ok! O governo central tem as suas culpas, mas como já foi dito, para este ranking, todas as escolas partem com a mesma falta de apoio do governo central. Aqui, a culpa é da CDU.

No Próximo Post, farei a apresentação de propostas da JSD para esta problemática.

(NOTA: Alguma bibliografia usada para o post:

http://starline.dnsalias.com:8080/sbs/arquivos/14_8_2009_16_44_43.pdf

http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT14-5645--Int.pdf

http://ww2.itau.com.br/itausocial/site_fundacao/Biblioteca/Publicacoes/fatores_sucesso_escolar.pdf

http://ppe.ipea.gov.br/index.php/ppe/article/viewFile/136/71

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